Neste Blog você pode refletir sobre alguns temas gramaticais explicados de maneira clara e em uma linguagem simples. Na lateral, encontra-se a lista dos temas abordados, basta clicar e ler com atenção aquele que mais lhe interessar.

           Há postagens que contêm reflexões sobre alguns textos consagrados (poesias, contos ou mesmo romances), lembrando sempre que a obra literária é uma "obra aberta", portanto passível de mais de uma leitura. Mas, como diz Umberto Eco, "não é escancarada"; então precisamos nos ater às palavras, são elas que nos direcionam a uma interpretação possível e coerente.

            Também não poderia deixar de registrar, neste lugar especial, alguns trabalhos muito interessantes de meus ex-alunos e, assim, deixo eternizados  o seu desempenho e a  sua dedicação.

            Acho que é isso! Vamos lá, então, e...

                                    bom passeio pelas letras!!!

 

quinta-feira, 24 de junho de 2021

PROPOSTA 4 DE REDAÇÃO: RELIGIOSIDADE E SAÚDE

 

As propostas deste blog foram feitas com base no modelo das propostas do ENEM e de muitos vestibulares. Antes de fazer a redação, leia atentamente a proposta abaixo e entenda bem o tema proposto. Depois, aproveite para aumentar seu conhecimento do assunto pesquisando mais sobre ele, isso o ajudará muito quando fizer o ENEM ou o VESTIBULAR. Então reserve cerca de duas horas sem interrupção e faça primeiro o rascunho e depois passe a limpo a redação à caneta preta ou azul. Assim, você já estará mais acostumado e apto para esse momento tão importante em sua vida, Futuro Acadêmico. Boa sorte, espero que aproveite!   

Leia os textos bases abaixo e faça uma produção de texto, de 20 a 30 linhas, sobre o tema:

 

A ESPIRITUALIDADE PODE SER UM MEIO DE ENFRENTAR UMA DOENÇA

 

Texto 1: Estudos apontam que fé é aliada em tratamentos de saúde física e mental

Pesquisas mostram que pacientes envolvidos com fé e espiritualidade apresentam melhores quadros gerais de saúde

Ricardo Teixeira* postado em 05/06/2018 11:14

            Alguns enxergam a religiosidade simplesmente como uma forma de controle social, algo maior vigiando o comportamento humano. Outra forma de entendê-la é pensar que a evolução da espécie humana favoreceu a experiência religiosa como um mecanismo que ajuda a manter comunidades unidas e também a promover um melhor autocontrole mental. A princípio, quando uma meta é encarada como sagrada, o indivíduo teria maior tendência em se esforçar para alcançá-la. Mais do que isso, o sagrado abastece a mente humana no desafio de pensar sobre a vida e a morte, e em tempos mais remotos, isso era fundamental para o entendimento dos sonhos e fenômenos da natureza.

Marx, Freud, Weber, entre tantos outros, defenderam a ideia de que a modernidade reduziria a influência das crenças religiosas na sociedade. No Brasil, nos últimos 20 anos, houve um discreto aumento na porcentagem de brasileiros que dizem não ter uma religião: em 1991 essa cifra era de 4.75% e em 2009 passou para 6.7%. Em 2015, uma pesquisa mostrou 2 em cada 10 brasileiros declaram que não são religiosos.

A religiosidade tem seu lugar no cérebro? A neurociência tem demonstrado que a experiência religiosa estimula circuitos cerebrais do neurotransmissor dopamina, os mesmos circuitos que são considerados disfuncionais em transtornos neuropsiquiátricos em que a hiperreligiosidade faz parte do quadro clínico, como é o caso da epilepsia do lobo temporal, esquizofrenia, mania e transtorno obsessivo-compulsivo. Sistemas cerebrais da serotonina também parecem estar implicados, já que drogas que têm influência sobre eles são facilitadoras da experiência religiosa. Entre essas drogas podemos citar o LSD, mescalina, ecstasy, e o chá de Ayahuasca utilizado pelo Santo Daime e União do Vegetal.

Cientistas das universidades americanas de Columbia e Yale demostraram recentemente que o estado de conexão com algo maior, seja pela experiência religiosa ou não, está associada a uma menor atividade da região parietal do cérebro. Ao alcançar esse estado de consciência, a pessoa apresenta um adormecimento de uma região fortemente vinculada à percepção de si mesmo e dos outros.

Quando pensamos na influência da fé na evolução de problemas de saúde, vale a pena refletir sobre o poder do efeito placebo. A origem do termo é o verbo placere do latim que significa AGRADAREI. A simples expectativa positiva de que um tratamento pode nos fazer bem já é capaz de provocar mudanças fisiológicas em nosso corpo, e esse é o chamado efeito placebo. Pessoas que apresentam boa resposta ao placebo apresentam circuitos cerebrais de dopamina com maiores concentrações desse neurotransmissor. Também há evidências de que as concentrações dos opioides endógenos e de serotonina são influenciadas pela expectativa positiva. Isso tudo pode ter repercussões sobre o sistema imunológico e favorecer a evolução de uma condição de saúde. Se uma pílula de farinha já é capaz de provocar esses efeitos, podemos tentar imaginar o que a prece ou um ritual religioso pode promover. Esse é um modelo que a ciência tem para explicar os efeitos da fé sobre a mente e o corpo. Isso não quer dizer que outros mecanismos ainda intangíveis não possam ser descritos no futuro.

A religiosidade faz bem mesmo à saúde? Já temos um razoável corpo de evidências que indivíduos com uma maior vivência religiosa / espiritual têm uma maior capacidade de lidar com o estresse emocional, uma melhor saúde mental de forma geral e, em situações de doença, cooperam mais com o tratamento. Além disso, o envolvimento com uma comunidade religiosa está associado a uma maior rede social, e há tempos sabemos que pessoas socialmente integradas têm menos chance de adoecer, e quando doentes, a rede social é uma das principais fontes de apoio. Esse pode ser um dos principais fatores que explicam resultados de maior longevidade entre as pessoas com maior religiosidade. Assume-se também que essas pessoas têm a tendência a apresentar hábitos de vida mais saudáveis.

Entretanto, as crenças religiosas nem sempre estão a favor da saúde do paciente, já que podem em alguns casos dificultar a aderência ao tratamento com ideias do tipo: esse é o desejo de Deus; Deus me abandonou; esse é o meu destino; esse é o meu castigo; etc. Em situações como essas, é bem razoável que a equipe de saúde esteja minimamente preparada para abordar dimensões religiosas / espirituais do paciente e assim aumentar a aderência e sucesso do tratamento.

 

* Dr. Ricardo Teixeira é neurologista e Diretor Clínico do Instituto do Cérebro de Brasília

 

Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/revista/2018/06/05/interna_revista_correio,686218/estudos-apontam-que-fe-e-aliada-em-tratamentos-de-saude-fisica-e-menta.shtml

 

Texto 2: A Ciência se Baseia na Fé?

28 de fev de 2011 Escrito por André Rabelo

Muitas críticas direcionadas à ciência costumam compará-la às religiões. Tais críticas giram em torno da idéia de que, assim como na religião, é necessário que os cientistas tenham fé na ciência para que ela funcione; que a ciência é muito mais parecida com as religiões do que os cientistas gostariam de admitir e que a ciência construiu seus próprios dogmas inabaláveis, inquestionáveis e rígidos. Será que estas críticas fazem sentido?

Se alguém está honestamente disposto a defender tal posição, é importante se atentar para o que cada um delas, ciência e religião, tem como fundamentos básicos: a dúvida e a fé, respectivamente.

A ciência só obtém suas respostas aos problemas que investiga, temporariamente adequadas a princípio, através da dúvida, do questionamento, do teste, das evidências e da discussão. A religião já possui as suas respostas, verdadeiras por princípio, desde que ela passou a existir, através de algum livro sagrado, de autoridades religiosas e da repressão de questionamentos das suas alegações.

Comparações são úteis e muitas vezes nos ajudam a entender melhor coisas complicadas, mas é comum que se façam comparações inadequadas, baseadas em aspectos superficiais das duas coisas que estão sendo comparadas e  desprezando os significados comuns dos conceitos em favor dos significados advindos da reflexão intuitiva e da construção particular e conveniente de significado das palavras. A palavra fé tem um significado ratificado na nossa língua que se relaciona diretamente ao seu contexto sócio-histórico, e isso tem uma série de implicações para qualquer argumentação que tente colocar fé nas ações de um cientista. De acordo com o dicionário online Michaelis, fé significa:

 

sf (lat fide) 1 Crença, crédito; convicção da existência de algum fato ou da veracidade de alguma asserção. 2 Crença nas doutrinas da religião cristã. 3 A primeira das três virtudes teologais. 4 Fidelidade a compromissos e promessas; confiança: Homem de fé. 5 Confirmação, prova.

 

Quanto ao primeiro significado, tanto cientistas quanto pessoas religiosas tem crenças, assim como qualquer pessoa no mundo, sendo que a palavra “crença” não é a mesma coisa que a palavra “fé”. Mas as duas outras definições seguintes de fé demonstram o caráter histórico que essa palavra tem com a religião em si, e elas não deviam ser ignoradas pois transmitem muito do contexto onde essa palavra deveria ser usada. Além do mais, não é por acaso que a palavra fé é tão usada no contexto de religiões cristãs – esse é o seu “lar original”, usando a expressão de Wittgenstein.

A palavra fé tem um longo histórico de relacionamento direto com as três grandes religiões monoteístas e isso já poderia ser usado para argumentar que o uso do termo “fé” é, no mínimo, inadequado, pois o contexto em que se usa esse termo é outro e as “crenças nas doutrinas da religião cristã” obviamente não subsidiam a produção de conhecimento científico.

A fé é entendida pela maioria das religiões como a virtude mais importante que uma pessoa pode ter e um dos pilares mais fundamentais de sustenção da própria religião. Não é a toa que o pecado mais abominável descrito nos livros sagrados das grandes religiões monoteístas é o de duvidar, sendo um dos poucos pecados imperdoáveis (exemplos na Bíblia – Mc 3.4, 28-30; Lc 12, 8-10; e no Alcorão – 73:17; 9:80; 4:114; 9:122).

A dúvida das palavras sagradas deve ser punida com a morte, a perseguição e com o sofrimento eterno de acordo com as doutrinas encontradas nesses livros. As várias pessoas que escreveram esses livros sagrados provavelmente entenderam que precisavam assustar ao máximo as pessoas e se prevenir do pensamento crítico, pois ele poderia ser muito prejudicial à fé das pessoas se elas começassem a se questionar sobre as injustiças que observavam no mundo.

A religião cristã enfatiza a sua admiração pela fé e o desprezo pela dúvida e pelo ceticismo na famosa passagem bíblica,  Jo 20, 25-29:

 

Disseram-lhe, pois, os outros discípulos: Vimos o Senhor. Mas ele disse-lhes: Se eu não vir o sinal dos cravos em suas mãos, e não puser o dedo no lugar dos cravos, e não puser a minha mão no seu lado, de maneira nenhuma o crerei.

E oito dias depois estavam outra vez os seus discípulos dentro, e com eles Tomé. Chegou Jesus, estando as portas fechadas, e apresentou-se no meio, e disse: Paz seja convosco.

Depois disse a Tomé: Põe aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; e chega a tua mão, e põe-na no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente.

E Tomé respondeu, e disse-lhe: Senhor meu, e Deus meu!

Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram.

 

Quanto aos dogmas, temos mais um problema em comparar a ciência com a religião. Um dogma, entendido como uma asserção indiscutível e pressuposta por um grupo de pessoas, não deve ser confundido com um “fato científico”. Apesar da ciência não pressupor certezas inquestionáveis, é errado pensar que a ciência nunca vai chegar a um lugar para suas questões. A dúvida razoável existe para qualquer afirmação feita na comunidade científica, diferente do que ocorre nas religiões, mas em algum ponto as evidências nos deram a condição de falar em “fatos” ou modelos corroborados por tantas evidências que é pouco razoável desacreditar deles.

Nós hoje sabemos, por exemplo, que a terra não é plana, que a terra gravita ao redor do sol, que o sol é muito maior que a terra, que todas as formas de vida na terra resultaram de um processo evolutivo e que a terra está aquecendo em um ritmo não natural. Chamamos esses conhecimentos de fatos porque o mundo é muito parecido com como ele deveria ser se todas essas coisas fossem verdades, sendo o mais sensato valorizarmos essas idéias.

Esses porém se diferenciam de dogmas, porque não foram estabelecidos como verdades inquestionáveis antes dos testes e são questionáveis desde que sejam apresentadas evidências tão extraordinárias quanto às que apoiam esses fatos (o que dificilmente trazem os que criticam esses fatos).

Recentemente uma matéria foi publicada no jornal britânico The Guardian, comentando sobre as repostas dadas por cientistas e intelectuais a uma pergunta da revista eletrônica Edge: Qual conceito científico melhoraria o kit de ferramentas cognitivas das pessoas? A resposta de muitos deles é que precisamos aprender a amar a incerteza e o insucesso.

Como é possível afirmar que a ciência se baseia na dúvida e na fé ao mesmo tempo? A dúvida é uma ameaça à fé e uma das maiores aliadas da ciência; já a fé é uma ameaça à dúvida, e uma das maiores aliadas da religião. Ciência e religião são fundamentalmente diferentes pois se baseiam em dois conceitos opostos: a certeza da fé, no caso da religião, e a incerteza da dúvida, no caso da ciência.

 

Fonte: https://www.blogs.unicamp.br/socialmente/2011/02/28/a-ciencia-se-baseia-na-fe/

Texto 3:



Texto 4:






 

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