Neste Blog você pode refletir sobre alguns temas gramaticais explicados de maneira clara e em uma linguagem simples. Na lateral, encontra-se a lista dos temas abordados, basta clicar e ler com atenção aquele que mais lhe interessar.

           Há postagens que contêm reflexões sobre alguns textos consagrados (poesias, contos ou mesmo romances), lembrando sempre que a obra literária é uma "obra aberta", portanto passível de mais de uma leitura. Mas, como diz Umberto Eco, "não é escancarada"; então precisamos nos ater às palavras, são elas que nos direcionam a uma interpretação possível e coerente.

            Também não poderia deixar de registrar, neste lugar especial, alguns trabalhos muito interessantes de meus ex-alunos e, assim, deixo eternizados  o seu desempenho e a  sua dedicação.

            Acho que é isso! Vamos lá, então, e...

                                    bom passeio pelas letras!!!

 

quarta-feira, 9 de abril de 2008

AO MEU VER OU A MEU VER

Embora muitos digam e escrevam 'ao meu ver', a forma correta é 'a meu ver' - não devemos usar artigo nessa construção.

O uso do artigo antes de pronome possessivo é optativo, veja: a minha mãe ou minha mãe, porque o pronome já é um 'determinante'. Posso até dizer que seria redundante o uso de mais um determinante- o artigo. Mas, muitas vezes encontramos com o artigo.

Da expressão 'a meu ver' essa é a forma correta....o que posso lhe dizer é que na linguagem escrita formal é sem o artigo.

2 comentários:

miguel Zaffuto miguel@delsur.com.br disse...

Olá professora
gostaria de saber qual a forma correta de trabalhar com diálogos.
Sei que deve se inciar a frase com hifen e logo com Maiúscula
Poderia me dar mais orientação ou algum lugar para eu estudar mais?
Por exemplo:
pode se continuar o diálogo na mesma linha?
pode o interlocutor falar sem o hifen?
Desde já muito obrigado

Della Coelho disse...


Bom-dia, MIguel. Desculpe a demora.

Quanto ao diálogo,as possibilidades básicas são duas: travessão, e cada travessão significa um personagem falando; aspas, funciona como o travessão.

Exemplos simples:
Dois jovens cumprimentam-se:
- Bom-dia, querida, tudo bem?
- Tudo bem e você?

Ou aspas.
"Bom-dia, querida, tudo bem?"
"Tudo bem e você?"

Na narrativa é mais comum, e eu acredito que dá mais clareza, o uso do travessão. As aspas são mais usadas para fazermos uma citação de alguém.

Exemplo de citação:

Segundo Camões: "Toda Razão vencida foi de Amor", este soneto belíssimo traz uma reflexão sobre o amor e a razão.

Isso é o básico.

É importante observar que a escrita é maravilhosa e, ao nos depararmos com a genialidade dos escritores literários, encontramos criações artísticas do autor- inovações.

OBSERVAÇÃO IMPORTANTE!!!

O texto literário tem abertura às possibilidades de criação do autor, o texto técnico não tem, então é preciso seguir as regras de clareza como o travessão e as aspas ao produzir um texto, uma redação.

Leia agora alguns exemplos identificando as falas; tenho certeza de que vai ampliar seu conhecimento. Um abraço.


1ª Sugestão de leitura para ver o uso correto do travessão.
Crônica: "Brincadeira" de Luís Fernando Veríssimo. ( Divirta-se aprendendo)

Disponível em https://armazemdetexto.blogspot.com/2019/11/cronica-brincadeira-luis-fernando.html

2ª Sugestão de leitura na qual o escritor inova a forma de diálogo: "Uma Vida em Segredo" de Autran Dourado

Identifique as falas neste fragmento do romance e observe como o autor faz a sua própria forma de expressão:

"Quem deu a idéia de trazer prima Biela para a cidade foi Constança. Deixa, Conrado, traz ela cá para casa, disse. Biela fica morando com a gente, pode até me ajudar com as meninas, fazer companhia. Olha, quando você vai para a roça, tem dias que eu sinto uma falta danada de alguém para conversar. De noite, então… Tem Mazília, se limitou Conrado na resposta. Mazília, disse ela, ainda é menina. Já é mocinha, disse Conrado, de pouca conversa.
A princípio Conrado não deu muito ouvido, tinha outra coisa em mente. A ele, como homem, competia decidir. Ainda mais agora, tutor e testamenteiro. Era calado, ordeiro, sério, compenetrado.
As vezes punha a questão em forma de pergunta, mas não era para a mulher responder, ela sabia: mais uma forma de pensar alto. Quem sabe não era melhor mandá-la para o convento das freiras, lá em Ubá? Ela podia dar um bom dote, e depois a herança, as freiras a aceitariam logo com gosto.
Constança, que não percebeu que o marido estava apenas pensando, ou fez que não percebeu, ponderou, não ia dar certo, Biela não tinha com certeza nem cartilha nem Trajano, nem educação direito, criada lá na roça, só com o pai, homem fechado e meio maníaco, que nunca saía do Fundão. E já era moça velha, para aprender. As freiras não aceitariam."
Fonte https://marijane.com.br/uma-vida-em-segredo-de-autran-dourado/