Neste Blog você pode refletir sobre alguns temas gramaticais explicados de maneira clara e em uma linguagem simples. Na lateral, encontra-se a lista dos temas abordados, basta clicar e ler com atenção aquele que mais lhe interessar.

           Há postagens que contêm reflexões sobre alguns textos consagrados (poesias, contos ou mesmo romances), lembrando sempre que a obra literária é uma "obra aberta", portanto passível de mais de uma leitura. Mas, como diz Umberto Eco, "não é escancarada"; então precisamos nos ater às palavras, são elas que nos direcionam a uma interpretação possível e coerente.

            Também não poderia deixar de registrar, neste lugar especial, alguns trabalhos muito interessantes de meus ex-alunos e, assim, deixo eternizados  o seu desempenho e a  sua dedicação.

            Acho que é isso! Vamos lá, então, e...

                                    bom passeio pelas letras!!!

 

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

REFORMA ORTOGRÁFICA


Pasquale Cipro NetoPasquale Cipro Neto é professor de português desde 1975. É consultor de língua portuguesa do Departamento de Jornalismo da Rede Globo, em São Paulo; e colunista dos jornais Folha de S. Paulo, O Globo, Diário do Grande ABC, entre outros.


12/01/2009 O (Des)Acordo Ortográfico (2)
Na semana passada, tratamos do “(Des)Acordo Ortográfico”. Vimos um breve histórico do “Acordo” e algumas das mudanças que ele impõe. Falamos do alfabeto, que passa a ter 26 letras, do fim do trema e da extinção de alguns acentos (o agudo que havia nos grupos “ei” e “oi” das palavras paroxítonas, como “ideia” e “heroico”, e o circunflexo que havia nos grupos “ee” e “oo”, como o que se punha em “creem” e “voo”).
Ainda no território da eliminação de alguns acentos, convém mencionar outros casos. O primeiro deles se refere a palavras como “baiuca”, “bocaiuva”, “Sauipe”, “feiura”, que até 31 de dezembro recebiam acento agudo (grafavam-se, respectivamente, “baiúca”, “bocaiúva”, “Sauípe” e “feiúra”). Esse acento se encaixava na regra dos hiatos, segundo a qual o “i” e o “u” que estão em hiato com a vogal anterior recebem acento, desde que sozinhos na sílaba ou acompanhados de “s”. O que mudou? Vamos lá: se esse “i” e esse “u” forem precedidos de ditongo, nada de acento. Complicado, não? E os idealizadores do Acordo dizem que ele veio para simplificar...
Bem, vamos traduzir a alteração que acabamos de ver: o “u” de “feiura” está em hiato (a separação silábica de “feiura” é “fei-u-ra”). Como esse “u” é precedido de ditongo (presente na sílaba “fei”), nada de acento. É nesse caso que se encaixam palavras como “baiuca”, “bocaiuva” ou “Sauipe”, que perderam o acento agudo.
Outro caso que merece comentário é o de algumas flexões de verbos como “apaziguar”, “averiguar” ou “arguir”. Deixaram de existir formas como “argúi” (do presente do indicativo: ele argúi), “argüi” (do pretérito perfeito: eu argüi), “apazigúe” e “averigúe” (do presente do subjuntivo: que eu/ele apazigúe, que eu/ele averigúe). Agora, “argúi” e “argüi” se igualaram: passam a “argui” (“O contexto define quem é quem”, dizem os idealizadores do “Acordo”). “Apazigúe” e “averigúe” passaram a “averigue” e “apazigue”, respectivamente (a leitura continua a mesma). Aceitam-se também as formas “averígue” e “apazígue” (a sílaba tônica é “ri” e “zi”, respectivamente, e o “u” é pronunciado, atonamente, nos dois casos). O leitor ainda acha que a reforma simplificou as coisas?
Ainda sobre os acentos, chegou a hora de falar dos diferenciais. O “Acordo” pôs quase todos para correr. Foram eliminados (e já vão tarde), entre outros, os mais do que inúteis acentos de “polo”, “pera” e “pelo”. Foi eliminado também (este indevidamente, a meu ver) o acento da forma verbal “para” (escrevia-se “pára”; o acento diferenciava a flexão verbal da preposição “para”, átona). De agora em diante, “para” pode ser verbo ou preposição, e só pelo contexto será possível diferenciar um do outro (isso quando de fato o contexto permitir diferenciar um do outro). Um título jornalístico como “Trânsito pesado para São Paulo” será ambíguo, por isso certamente não será mais publicado.
Para que fique claro: restaram apenas dois acentos diferenciais. Um deles é o de “pôde” (do pretérito perfeito), diferencial de “pode” (do presente do indicativo). O outro é o de “pôr” (verbo), diferencial de “por” (preposição, átona). Já vimos na semana passada que o “Acordo” dá como facultativo o acento circunflexo no substantivo “forma” (quando sinônimo de “molde”). Como já vimos, pode-se escrever, indiferentemente, “Preciso comprar uma forma de bolo” ou “Preciso comprar uma fôrma de bolo”. Também se pode optar por “Unte a forma com manteiga” ou por “Unte a fôrma com manteiga”.
A principal alteração imposta pelo “Acordo” se dá no emprego do hífen. Aí o bicho pega, caro leitor. Ainda há muitas nuvens escuras nesse céu (ou nesse pedaço de céu). Como o espaço acabou, será preciso mais um capítulo da novela (o terceiro e talvez último), o que me obriga a “descumprir” a promessa feita no fim da coluna da semana passada (a de encerrar hoje a “novela”).

Autor
Pasquale Cipro Neto

3 comentários:

Anônimo disse...

nossa isso me ajudou muito a fazer um trabalho!!!!!!!!!!!valeuu mesmo,continue assim!!!!!!!!!

Anônimo disse...

nossa isso me ajudou muito a fazer um trabalho!!!!!!!!!!!valeuu mesmo,continue assim!!!!!!!!!

Gui disse...

Professor me tira uma dúvida, eu costumo separar as sílabas da palavra COELHO assim: CO-E-LHO. Porém, vi um vídeo no qual o professor dizia separar assim: COE-LHO. As duas formas estão corretas?